Associação alerta para degradação do meio ambiente por meio da retirada descontrolada de recursos não renováveis.
Luciana Oliveira
Para o ambientalista João Batista Silva, membro da Associação Paraibana
dos Amigos da Natureza (Apan), o rio Paraíba não suporta o excesso de
retirada de areia. “Esses recursos naturais não são renováveis e sua
retirada descontrolada degrada o meio ambiente”, disse. Ele explicou que
a areia se comporta como uma esponja que segura a água, principalmente
nos períodos de seca. “Sem a areia, quando o rio seca, fica só pedra.
Isso contribui para o aumento da área de desertificação do Estado”,
disse o ambientalista.
João Batista esclareceu ainda que nessa região do semiárido, diversos
fatores estão contribuindo para a desertificação: a chuva que cai é
pouca, com o intenso calor evapora rapidamente, e a ausência da
“esponja” natural (areia) para segurar a água. “Portanto, com esse uso
desordenado do solo, aumenta o processo de desertificação na Paraíba,
que já tem 75% de sua área nesse processo”, afirmou. Ele lembrou também
que em maio deste ano, o governo estadual lançou o Plano de Ações Contra
a Desertificação. “O que está sendo feito no rio Paraíba é totalmente
contra esse plano. É um contrassenso”, disse o ambientalista.
Negócio lucrativo
Apesar dos funcionários e proprietários das empresas de extração de areia não confirmarem os valores, agricultores e moradores da região afirmam que a procura pela areia do rio Paraíba tem crescido por ser um negócio altamente lucrativo.
Apesar dos funcionários e proprietários das empresas de extração de areia não confirmarem os valores, agricultores e moradores da região afirmam que a procura pela areia do rio Paraíba tem crescido por ser um negócio altamente lucrativo.
Segundo especulações de moradores, o negócio funciona da seguinte
forma: o proprietário da terra por onde passa o rio concede a extração
de areia a uma empresa, que instala as dragas, faz a retirada e paga R$
150,00 por cada caminhão caçamba retirado ao dono da terra.
Essas caçambas são vendidas em Pernambuco por cerca de R$ 600,00. Os
moradores estimam que apenas em uma das áreas de Pilar, a que está sendo
mais explorada e onde há as montanhas de mais de dez metros de areia,
sejam retiradas diariamente em torno de 15 caçambas.
No entanto, o artigo 99 do Código Civil classifica os bens públicos
em: bens de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e
praças. Dessa forma, apesar dos proprietários terem a terra, o rio não
pertence a eles.
João Batista explica que para um empreendimento promover o
desenvolvimento sustentável, precisa estar embasado em quatro pilares:
ser ambientalmente correto, ser socialmente justo, respeitar a cultura
local e ser economicamente viável. “O caso da extração de areia no rio
Paraíba só atende o último pilar: economicamente viável. Além do
problema ambiental, essa exploração causa problemas sociais, pois está
prejudicando os moradores da região”, disse.
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