sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Paraíba consome menos agrotóxicos



A Paraíba está no 3º lugar do ranking entre os Estados nordestinos que menos consomem agrotóxicos. Os dados são do relatório de Agrotóxicos e afins do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais (Ibama) e foram divulgados ontem, pelo professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Sebastião Pinheiro, no Dia de Mobilização contra o Uso de Agrotóxicos.

Com um consumo de 323 litros por ano, entre herbicidas, inseticidas e fungicidas, o Estado perde apenas para Sergipe, que utiliza 189 litros por ano e Rio Grande do Norte, que consome 246 litros por ano. No país, São Paulo lidera o ranking dos estados que mais consomem os defensivos agrícolas, com 39 milhões de litros.

Segundo Nelson Anacleto, coordenador do Polo Sindical de Agricultores da Borborema, apesar do estado estar bem colocado em relação ao país, ainda existem na região da Borborema centenas de agricultores que utilizam os produtos químicos, na defesa e combate às pragas. “Tivemos avanços significativos na redução do uso com o trabalho do sindicato, que possui mil agricultores cadastrados, pois eles estão tomando consciência dos malefícios para a saúde, mas ainda existem centenas de agricultores da região que utilizam agrotóxicos”, lamentou.

Dentro da programação alusiva à Semana da Alimentação Saudável, entre os dias 16 e 22 de outubro, foi realizado ontem, no Convento dos Maristas, em Lagoa Seca, no Agreste paraibano, o Dia de Mobilização contra o Uso dos Agrotóxicos, com a participação de 200 agricultores.

No evento, os trabalhadores rurais do território da Borborema fizeram um diagnóstico sobre o uso de agrotóxicos na região e participaram de debates, palestras, além de assistirem ao documentário “Agrotóxico na Mesa”.

O agricultor Renato Vieira, 64 anos, produz hortaliças, milho e feijão em uma propriedade rural no distrito de Floriano, em Lagoa Seca. Ele diz que o consumo de produtos químicos ainda é abundante na região. “Utilizava agrotóxicos, principalmente nas hortaliças, mas deixei há 3 anos e utilizo hoje os biofertilizantes, que têm gerado bons resultados e produtos de melhor qualidade”, comemora.

De acordo com Sebastião, pesquisador do Grupo de Pesquisa em Agricultura e Saúde, o uso dos defensivos químicos é uma ilusão posta na mente dos agricultores. “O adubo químico causa câncer, que vai gerar lucro para as mesmas empresas que te venderam o veneno, e esta solução não nos interessa, pode interessar às grandes empresas”, enfatizou.

Segundo Nelson Anacleto, o uso dos agrotóxicos é responsável por doenças como câncer, problemas cardíacos, depressão, além de contribuir para problemas de fertilidade nos homens e prejudicar no desenvolvimento do feto nas grávidas.

Os prejuízos não se limitam à saúde das pessoas que manipulam os venenos e nem a danos para o consumidor, que adquire os produtos contaminados.
  



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