Georgia Simonelly
A cerimônia oficial de lacre do lixão de Campina Grande, localizado no
bairro do Mutirão, foi marcada por vários protestos, inclusive nas
estradas que dão acesso ao município de Puxinanã no Agreste, onde fica
localizado o aterro sanitário que está recebendo desde a última
quarta-feira o lixo produzido pelos campinenses.
No início da manhã de ontem, moradores de Puxinanã revoltados com a
situação fecharam a estrada no trecho do Sítio Pai Domingos, Distrito de
Jenipapo, que dá acesso ao Sítio Açudinho, na zona rural de Puxinanã,
onde fica localizado o aterro. Houve tumulto e oito caminhões da empresa
que transporta o lixo de Campina Grande foram barrados pelos
manifestantes, ônibus lotados de catadores, que trabalhavam no lixão,
seguiram para o local.
Às 11h, quatro caminhões coletores de lixo ficaram parados no
Distrito de Jenipapo e os motoristas foram avisados de um novo protesto,
desta vez em frente ao aterro, e aguardavam a liberação dos portões que
dão acesso ao empreendimento. Os carros que já estavam no interior do
aterro foram impedidos de deixar o local, pedras foram colocadas
bloqueando a entrada e saída de veículos.
“Não há separação do lixo descartado, os carros vieram trazendo o
material a céu aberto e derramando chorume ao longo da estrada, este
aterro vai infectar a água que abastece nossa cidade”, disse o
comerciante Silvan Eloi. Segundo os moradores, a população não é contra a
implantação do aterro, mas não concorda que o lixo de outras cidades
seja levado para o município, e também é contra a localização do
empreendimento, que fica situado a 800 metros do Açude Evaldo Gonçalves,
conhecido como Açude de Milhã, que abastece uma população de 14 mil
habitantes.
“Esperamos 10 anos pela conclusão deste açude, o aterro tem um canal
que dá acesso direto a um pequeno rio que será contaminado pelo chorume e
vai infectar nossa água, inclusive o aterro está funcionamento por
força de uma liminar”, explicou o engenheiro eletricista Antônio
Agripino Filho, morador da cidade.
A superintendente da Superintendência de Administração de Meio
Ambiente (Sudema) da Paraíba, Tatiana Domiciano, confirmou que o aterro
de Puxinanã está funcionando por força de uma liminar, expedida pela 5ª
Vara da Fazenda Pública de João Pessoa, que determinou o imediato
funcionamento do empreendimento.
O gerente do aterro sanitário, José Humberto, disse que o
empreendimento foi elaborado por engenheiros e que todo o processo está
legalizado.
Já o secretário de Finanças de Puxinanã, Roberto Certare, colocou que
o aterro irá preencher uma lacuna que existe na cidade quanto ao
tratamento adequado dos resíduos sólidos e que todas as etapas de
construção estão de acordo com as normas técnicas.
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