Uso das ciclovias por pedestres e praticantes de outros esportes prejudica ciclistas, que cobram mais fiscalização nas áreas.
Angélica NunesUsar a bicicleta como meio de transporte ou simplesmente para pedalar em João Pessoa é um risco. |
Usar a bicicleta como meio de transporte ou simplesmente para pedalar nas ruas de João Pessoa tem se tornado uma prática arriscada nos últimos meses. Faltam vias adequadas para o ciclistas e, mesmo nas áreas em que foram construídas ciclovias, o risco de acidentes é eminente. As queixas recaem sobre pedestres que fazem caminhadas ou corridas, skatistas, motocicletas, vendedores ambulantes de DVD e até automóveis, que obstruem a passagem que deveria ser exclusiva para as bikes.
Representante do grupo de ciclistas 'Pedal Jampa', o comerciante
André Nascimento, 34 anos, critica a falta de fiscalização e de controle
do espaço que deveria ser exclusivo para a prática do esporte.
“Skatistas, pedestres, motos e até carros obstruem a via do pedal, sem
falar nas pessoas que soltam seus filhos na ciclovia sem nenhuma
preocupação”, denuncia.
O diretor de Trânsito da Superintendência de Transportes e Trânsito
(STTrans), Cristiano Nóbrega, disse que o órgão já realizou inúmeras
melhorias para coibir o avanço de equipamentos que não sejam bicicletas,
mas não pode coibir o trânsito de pessoas. “Substituímos os caixões
(pequenos blocos de concreto) por uma proteção maior, de 30 cm, para
tentar evitar que outros não ultrapassem. Os fiscais estão
constantemente trafegando nos principais trechos e fazemos a
fiscalização”, garantiu.
Além da concorrência com outros esportistas, o ciclista André
Nascimento conta que há ainda problemas de ordem física que criam
armadilhas para quem está pedalando, como os pontos de escoamento de
água da chuva com desnível acentuado e bocas de lobo.
Pedaleiro há mais de cinco anos, o publicitário Eduardo Araújo, 30
anos, aponta outro obstáculo nas ciclovias que poderiam facilmente ser
evitados. “Os vendedores ambulantes e os pedestres mal educados
atrapalham muito o pedal nas ciclovias, mas além disso os próprios
setores públicos não colaboram. A Autarquia Municipal Especial de
Limpeza Urbana (Emlur), por exemplo, coloca os tambores de lixo na nossa
via”, reclama.
De acordo com o coordenador de Varrição e Coleta da Emlur, José
Antônio Araújo, a responsabilidade pelos tambores é dos proprietários de
barracas que deveriam recolhê-los após o resgate do lixo pelo caminhão
da empresa de lixo. “Já notificamos para que eles deixassem o lixo
ensacado e eles continuam desrespeitando. Estamos multando os infratores
para ver se eles cumprem. A multa pode chegar a 400 mil UFIRs. Não
entendo como as pessoas não zelam pelo ambiente onde ganham o pão”,
comenta.
Caso a situação continue, o grupo Pedal Jampa ameaça realizar uma
grande manifestação nas principais vias da capital. “Do jeito que está
não tem como continuar. Cobramos das autoridades e até agora nada foi
feito. A Superintendência de Trânsito de João Pessoa alega que não pode
fiscalizar a ciclovia, apenas os estacionamentos. Queremos que a
prefeitura faça um trabalho de conscientização da população, pelo menos,
já que não pode multar”, afirma André Nascimento.
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