sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Índios realizam protesto


Índios reivindicavam políticas públicas voltadas para a segurança e agilidade na investigação do assassinato de um cacique em julho.

 

 


Lideranças dos povos potiguaras realizaram na manhã de ontem, no Centro de João Pessoa, uma caminhada saindo da sede da Procuradoria Federal, na Praça João Pessoa, terminando em frente ao Palácio da Redenção. Os manifestantes protestaram contra os crimes cometidos contra índios neste ano e reivindicaram políticas públicas voltadas para a segurança das 32 aldeias existentes no Estado.

Os potiguaras pedem celeridade na investigação das mortes do cacique Geusivam Silva de Lima, 30 anos, e de Claudemir Ferreira da Silva, 37 anos, que fazia a segurança do cacique. Os dois foram assassinados a tiros no último dia 31 de julho, após um ataque à aldeia Vergonha, no município de Marcação, quando dois motociclistas não identificados invadiram a área e cometeram o crime.

De acordo com o cacique geral dos potiguaras na Paraíba, Sandro Gomes, este não é um caso isolado de violência. Em 2009, Aníbal Cordeiro Campos, cacique da aldeia Jaraguá, foi alvo de cinco tiros quando teve sua casa arrombada. “Estamos pedindo que o Estado dê atenção aos índios porque nossas aldeias estão sendo invadidas pela criminalidade. Os caciques estão sendo ameaçados de morte, nove já receberam telefonemas anônimos”, revela Sandro. Ele acredita que a questão esteja relacionada às terras indígenas. “Existem pessoas interessadas em ocupar o território dos índios”, afirma.

De acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai), a Paraíba possui uma população indígena de aproximadamente 15 mil pessoas, concentradas em 32 aldeias entre as três terras indígenas registradas e declaradas pelo governo federal: Jacaré do São Domingos, Potiguara de Monte Mor e São Miguel, que juntas somam 35.328 hectares. Essa área fica no Litoral Norte, especificamente nos municípios de Baía da Traição, Marcação e Rio Tinto. Os povos indígenas se queixam da má estrutura das delegacias locais. Faltam agentes e equipamento às unidades, denunciam os índios.

“Nós formulamos um documento solicitando a conclusão do inquérito do atentado de 2009 e fazendo um apelo para que as mortes deste ano não fiquem impunes. Vamos entregar isso ao governador Ricardo Coutinho, ao procurador da República Duciran Farena, ao presidente da Assembleia Legislativa, Ricardo Marcelo, e, posteriormente, ao Ministério da Justiça”, afirma o capitão potiguara José Ciríaco, integrante da Comissão Nacional de Política Indigenista (CNPI) e uma das lideranças à frente da manifestação.

O capitão diz que o povo potiguara quer que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, se sensibilize com a morte e tome providências junto à Polícia Federal para identificar os assassinos, os possíveis mandantes e garantir a segurança dos caciques ameaçados.


 

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