Índios reivindicavam políticas públicas voltadas para a segurança e agilidade na investigação do assassinato de um cacique em julho.
Cecília Lima
Lideranças dos povos potiguaras realizaram na manhã de ontem, no Centro de João Pessoa, uma caminhada saindo da sede da Procuradoria Federal, na Praça João Pessoa, terminando em frente ao Palácio da Redenção. Os manifestantes protestaram contra os crimes cometidos contra índios neste ano e reivindicaram políticas públicas voltadas para a segurança das 32 aldeias existentes no Estado.
Os potiguaras pedem celeridade na investigação das mortes do cacique
Geusivam Silva de Lima, 30 anos, e de Claudemir Ferreira da Silva, 37
anos, que fazia a segurança do cacique. Os dois foram assassinados a
tiros no último dia 31 de julho, após um ataque à aldeia Vergonha, no
município de Marcação, quando dois motociclistas não identificados
invadiram a área e cometeram o crime.
De acordo com o cacique geral dos potiguaras na Paraíba, Sandro
Gomes, este não é um caso isolado de violência. Em 2009, Aníbal Cordeiro
Campos, cacique da aldeia Jaraguá, foi alvo de cinco tiros quando teve
sua casa arrombada. “Estamos pedindo que o Estado dê atenção aos índios
porque nossas aldeias estão sendo invadidas pela criminalidade. Os
caciques estão sendo ameaçados de morte, nove já receberam telefonemas
anônimos”, revela Sandro. Ele acredita que a questão esteja relacionada
às terras indígenas. “Existem pessoas interessadas em ocupar o
território dos índios”, afirma.
De acordo com a Fundação Nacional do Índio (Funai), a Paraíba possui
uma população indígena de aproximadamente 15 mil pessoas, concentradas
em 32 aldeias entre as três terras indígenas registradas e declaradas
pelo governo federal: Jacaré do São Domingos, Potiguara de Monte Mor e
São Miguel, que juntas somam 35.328 hectares. Essa área fica no Litoral
Norte, especificamente nos municípios de Baía da Traição, Marcação e Rio
Tinto. Os povos indígenas se queixam da má estrutura das delegacias
locais. Faltam agentes e equipamento às unidades, denunciam os índios.
“Nós formulamos um documento solicitando a conclusão do inquérito do
atentado de 2009 e fazendo um apelo para que as mortes deste ano não
fiquem impunes. Vamos entregar isso ao governador Ricardo Coutinho, ao
procurador da República Duciran Farena, ao presidente da Assembleia
Legislativa, Ricardo Marcelo, e, posteriormente, ao Ministério da
Justiça”, afirma o capitão potiguara José Ciríaco, integrante da
Comissão Nacional de Política Indigenista (CNPI) e uma das lideranças à
frente da manifestação.
O capitão diz que o povo potiguara quer que o ministro da Justiça,
José Eduardo Cardozo, se sensibilize com a morte e tome providências
junto à Polícia Federal para identificar os assassinos, os possíveis
mandantes e garantir a segurança dos caciques ameaçados.
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