Categoria luta para que o Estado regularize esse tipo de transporte; empresas reclamam de prejuízos
Isabela Alencar
Isabela Alencar
Seis mil veículos alternativos circulam pelas estradas paraibanas, mas
embora atendam uma parcela da população que não teria outros meios de
locomoção, os serviços desse setor ainda não são regularizados. De
acordo com o presidente da Federação dos Alternativos, Expedito
Bandeira, apenas a Paraíba continua sem normalizar esses profissionais,
realidade diferente dos demais Estados brasileiros. Segundo ele, com a
efetivação do transporte, novos empregos poderiam ser gerados, além do
recolhimento de impostos dos que ainda estão na clandestinidade.
Há 20 anos levando e trazendo pessoas do município de Puxinanã a
Campina Grande, no Agreste paraibano, o motorista de transporte
alternativo José Januário, de 44 anos, contou sobre a importância desse
tipo de condução. “As empresas regularizadas têm um horário fixo para
passar e os passageiros muitas vezes têm urgência em chegar. Mas o pior é
que os veículos legais não estão oferecendo um serviço de qualidade”,
lamentou. O industriário David Soares, de 23 anos, contou que prefere o
alternativo justamente pela segurança e conforto. “A gente sabe que o
sistema é deficiente e que formas que possam nos oferecer mais
comodidade têm que ser consideradas. Eu por exemplo prefiro o transporte
alternativo porque os ônibus que passam por Puxinanã deixam a desejar”,
explicou. Com a regularização, o intuito é justamente oferecer
condições que tragam qualidade para o usuário, segundo informou o
presidente da federação.
“A importância do trabalho desses profissionais é tão grande que eles
estão se regularizando em todo o país. Somente a Paraíba ainda não se
manifestou sobre o assunto e o nosso intuito é justamente firmar uma
parceria com o Estado para que esse serviço se torne legalizado. Nós
queremos uma licitação pública, queremos ser legais, queremos trazer
muitos veículos com qualidade e a nossa contrapartida também serão os
impostos”, contou Expedito.
De acordo com ele, dos 100 mil transportes alternativos do país, 60
mil já estão normalizados, atendendo uma grande parcela da população que
possui um sistema deficiente ou não possui nenhum outro meio de
transporte. Na Paraíba, 60 mil pessoas utilizam esse serviço e em 54
municípios ainda não existe sistema convencional de transporte.
O motorista Clécio Tavares há 10 anos transporta passageiros de Patos
a Campina Grande. Ele contou que em muitos municípios sertanejos, os
alternativos são a única forma de locomoção dos habitantes. “O nosso
trabalho vai além porque a gente não apenas transporta, mas nos
preocupamos com os passageiros. Muitos são idosos, crianças, pessoas
doentes, que locomovemos desde a sua casa até o hospital. O que fazemos é
um serviço essencial para a população”, desabafou o motorista.
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