Pesquisa da UEPB identifica várias patologias que podem ser 'curadas' com a zooterapia.
Isabela Alencar
Isabela Alencar
A medicina popular sempre foi um mistério para a ciência, e os trabalhos nessa área ainda são escassos, mas a crença trazida de geração em geração permanece ainda hoje. Um tratamento bastante utilizado, principalmente em municípios do interior nordestino, a zooterapia, utiliza animais na busca pela cura de doenças como a asma, alcoolismo, reumatismo, epilepsia, além de outras, em uma interação de elementos indígenas, africanos e europeus, desde o período de colonização do Brasil. É preciso tomar cuidados na administração desses tratamentos.
Uma pesquisa realizada por professores e alunos da Universidade
Estadual da Paraíba (UEPB) catalogou 25 doenças e 23 espécies de animais
que podem ajudar os seres humanos no tratamento de enfermidades. No
catálogo foram citadas espécies de peixe, tipos de mamíferos, répteis e
aves, mas segundo o professor e pesquisador Rômulo Nóbrega, em pesquisas
realizadas até agora, no Brasil, 326 espécies são usadas no tratamento
de 110 doenças.
Ele contou que a zooterapia pode ser definida como o tratamento de
doenças humanas, a partir da utilização de produtos de partes do corpo
do animal ou de produtos de seu metabolismo, como secreções corporais e
excrementos, além de materiais construídos por eles, como ninhos e
casulos.
“Documentos históricos indicam que o uso de animais medicinais no
Brasil vem desde a colonização. No Brasil, a manifestação da medicina
popular e, particularmente, da zooterapia, configura uma interação de
elementos indígenas, africanos e europeus, participando da história da
medicina desde o princípio da colonização”, contou. O professor informou
que muitos tratamentos são conhecidos dos nordestinos, como a
utilização do mel de abelha nas doenças do aparelho respiratório; a
banha do teju, usada para dor na garganta; ou ainda o sebo do carneiro,
que é muito utilizado para o reumatismo.
Outros curiosos e menos conhecidos também foram citados na pesquisa,
como a pena da codorniz (ave), que serve para mordida de cobra; ovo de
pato doméstico, para o nervosismo e, o papo ou moela do urubu, para
falta de ar e alcoolismo.
Na Feira Central de Campina Grande, um dos lugares onde mais se
encontra esse tipo de produto, a vendedora Inácia Firmino, de 70 anos,
contou que não há um mal que não pode ser tratado com a sabedoria do
povo. “Eu sempre me tratei com ervas, partes de animais e sempre
melhorei. Estou tomando um remédio de farmácia, mas sinceramente não
está adiantando de nada. As pessoas ainda procuram muito essas misturas
aqui”, contou a vendedora, que há 58 anos comercializa os produtos.
Segundo o coordenador, a sabedoria popular resultou em uma rica
etnomedicina, que ganhou um papel importante nas práticas de saúde de
pessoas de diversas classes sociais no País. “Na Paraíba não poderia ser
diferente. Os animais foram e continuam sendo utilizados para a
confecção de remédios populares", disse. Rômulo.
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