terça-feira, 24 de julho de 2012

Poluição pode causar câncer



Pesquisa da UEPB mostra que resíduos desepejados no açude de Bodocongó podem causar câncer na população.

Leonardo Silva
Com mais de 3 milhões de metros cúbicos, açude de Bodocongó está com 80% das suas águas poluídas
Cerca de 80% do açude de Bodocongó, em Campina Grande, já está completamente poluído, segundo a Associação de Proteção ao Meio Ambiente (Apam). Mas o pior foi descoberto através de uma pesquisa realizada pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), onde consta que os resíduos despejados pela comunidade local, condomínios e fábricas podem causar câncer.

De acordo com a oncologista Renata Gurgel, um longo período de exposição a um ambiente altamente contaminado pode provocar uma alteração no DNA e desaceleração celular.

O açude já possuiu mais de 3 milhões de metros cúbicos (m³), mas hoje tem pouco mais de 1 milhão de m³, devido à deteriorização ao longo dos anos. Por causa da constante poluição, causada também pelos próprios moradores da cidade, a consequência está sendo ainda mais grave, atingindo comunidades próximas ao manancial, que estão sendo atingidas diretamente, através do surgimento de doenças graves, como o câncer. Foi o que mostrou uma pesquisa realizada há dois anos pela UEPB.

Segundo a professora do Departamento de Química Verônica Evangelista, uma das coordenadoras do projeto, a pesquisa foi realizada através da coleta de amostras da água, que foram analisadas em laboratório e que apontaram contaminação do açude por derramamento de óleo, além de metais pesados. Ela informou que o contato com a água pode ocasionar contaminação humana por vias dermal, respiratória e oral.

“Grupos de risco estão susceptíveis a adquirir doenças conforme a natureza de alguns componentes serem classificados como carcinogênicos, que podem causar modificações e levá-los ao câncer”, informou.

A oncologista Renata Gurgel informou que, dependendo da quantidade de substâncias tóxicas encontradas no açude, é possível que comunidades próximas ao local adquiram a doença, ao longo dos anos. “Se houver uma grande poluição, com componentes como os metais pesados, é possível que em dez anos de contato direto haja uma alteração no DNA e as células comecem a desacelerar. Esses fatores de poluição podem causar grandes malefícios à saúde, assim como um longo período de exposição ao álcool ou ao tabaco”, explicou.

O secretário de Obras do município, Alex Azevedo, informou que a prefeitura tem um projeto de urbanização do Açude de Bodocongó, em parceria com o governo federal, previsto para ser licitado após o período de eleições. “O projeto de urbanização do Açude de Bodocongó será um investimento de R$ 10 milhões, dos quais R$ 2 milhões serão investidos pela Prefeitura Municipal e nós estamos apenas aguardando o sinal verde do governo federal para licitá-lo.



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