Pesquisa da UEPB mostra que resíduos desepejados no açude de Bodocongó podem causar câncer na população.
Isabela Alencar
Cerca de 80% do açude de Bodocongó, em Campina Grande, já está
completamente poluído, segundo a Associação de Proteção ao Meio Ambiente
(Apam). Mas o pior foi descoberto através de uma pesquisa realizada
pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), onde consta que os
resíduos despejados pela comunidade local, condomínios e fábricas podem
causar câncer.
De acordo com a oncologista Renata Gurgel, um longo período de
exposição a um ambiente altamente contaminado pode provocar uma
alteração no DNA e desaceleração celular.
O açude já possuiu mais de 3 milhões de metros cúbicos (m³), mas hoje
tem pouco mais de 1 milhão de m³, devido à deteriorização ao longo dos
anos. Por causa da constante poluição, causada também pelos próprios
moradores da cidade, a consequência está sendo ainda mais grave,
atingindo comunidades próximas ao manancial, que estão sendo atingidas
diretamente, através do surgimento de doenças graves, como o câncer. Foi
o que mostrou uma pesquisa realizada há dois anos pela UEPB.
Segundo a professora do Departamento de Química Verônica Evangelista,
uma das coordenadoras do projeto, a pesquisa foi realizada através da
coleta de amostras da água, que foram analisadas em laboratório e que
apontaram contaminação do açude por derramamento de óleo, além de metais
pesados. Ela informou que o contato com a água pode ocasionar
contaminação humana por vias dermal, respiratória e oral.
“Grupos de risco estão susceptíveis a adquirir doenças conforme a
natureza de alguns componentes serem classificados como carcinogênicos,
que podem causar modificações e levá-los ao câncer”, informou.
A oncologista Renata Gurgel informou que, dependendo da quantidade de
substâncias tóxicas encontradas no açude, é possível que comunidades
próximas ao local adquiram a doença, ao longo dos anos. “Se houver uma
grande poluição, com componentes como os metais pesados, é possível que
em dez anos de contato direto haja uma alteração no DNA e as células
comecem a desacelerar. Esses fatores de poluição podem causar grandes
malefícios à saúde, assim como um longo período de exposição ao álcool
ou ao tabaco”, explicou.
O secretário de Obras do município, Alex Azevedo, informou que a
prefeitura tem um projeto de urbanização do Açude de Bodocongó, em
parceria com o governo federal, previsto para ser licitado após o
período de eleições. “O projeto de urbanização do Açude de Bodocongó
será um investimento de R$ 10 milhões, dos quais R$ 2 milhões serão
investidos pela Prefeitura Municipal e nós estamos apenas aguardando o
sinal verde do governo federal para licitá-lo.
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