Quantidade de área arborizada entre as localidades urbanas e renda das famílias foi comprovada em levantamento feito pelo IBGE.
Isabela Alencar
A importância da
preservação do meio ambiente está sendo discutida em todo o mundo.
Muitos países estão começando a reavaliar suas ações, que acabam
culminando com a destruição da natureza. Um dos principais problemas
ainda enfrentados pelas grandes cidades é o seu crescimento desordenado,
o que acaba provocando uma disparidade de árvores entre bairros
periféricos e outros mais nobres. Essa relação entre a quantidade de
“verde” e a renda das famílias brasileiras foi comprovada através de um
estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE).
Na Paraíba, grandes cidades como João Pessoa e Campina Grande
apresentam uma diferença entre a renda per capita e a arborização. O
levantamento apresentado pelo IBGE foi realizado em 2010 e relaciona a
classe de rendimento nominal domiciliar per capita com várias
características do entorno e municípios. O estudo explica que, em João
Pessoa, enquanto a população com até meio salário mínimo tem em seu
entorno 11.960 árvores, a população que tem uma renda com mais de dois
salários mínimos possui mais do que o dobro de árvores, passando para
33.238.
Em Campina Grande, o mesmo acontece. A população com até meio salário
mínimo tem ao seu redor 9.562 árvores, e a com renda de mais de dois
salários tem esse número aumenta para 15.701. Em bairros como o Jeremias
e Catolé, em Campina Grande, a diferença é perceptível. Enquanto no
Jeremias prevalece a aridez do local, no Catolé a maioria das
residências possuem pelo menos uma árvore. Segundo a bióloga da
Coordenação do Meio Ambiente de Campina Grande, Patrícia Alves, a cidade
possui um déficit de 650 mil árvores e é principalmente na Zona Oeste
do município onde se observa isso.
“Em bairros como Malvinas e Rocha Cavalcanti existe um grande déficit arbóreo, com muita aridez naquele ambiente”, explicou.
O crescimento desordenado e acelerado da população também provoca o
desmatamento de parte da cidade para a construção de imóveis, mas, em
bairros mais nobres, uma das preocupações na hora de construir os
condomínios ou residências é com as áreas verdes. Conforme o
ambientalista e biólogo Tony Lopes, o que se observa é uma falta de
sensibilização de uma grande parte da população que não se dá conta da
importância das árvores para uma boa qualidade de vida. “Boa parcela da
população, principalmente a mais carente, tem sim essa dificuldade para a
realização de ações como o plantio, mas qualquer espaço, por mais curto
que seja, se for feito de forma correta, o cenário pode ser modificado.
O que faltam são políticas públicas, principalmente aquelas que
conscientizem a população sobre a importância da preservação ambiental”,
explicou.
Ele informou que, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU),
seria necessário uma quantidade de duas árvores por pessoa para garantir
qualidade de vida. “Campina Grande só possui 0,08 árvores, por
pessoa”, disse o biólogo.
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