João Pessoa vive auge da expansão imobiliária, mas sofre com violência e déficit na saúde.
Valéria Sinésio
Valéria Sinésio
Se alguém tiver a oportunidade de comparar fotos antigas de João Pessoa das décadas de 70 ou 80 com as de hoje, vai se impressionar. O cenário mudou totalmente. A cidade vive o auge da expansão imobiliária e do crescimento vertical. De acordo com o presidente do Sindicato da Construção Civil de João Pessoa (Sinduscon-JP), Irenaldo Quintans, o mercado imobiliário praticamente dobrou seu crescimento nos últimos anos.
Atualmente são seis mil imóveis
verticais novos ou em construção. Cerca de R$ 2 bilhões são injetados no
município através do investimento privado. Quintans disse também que a
maior demanda da construção civil está nos bairros do Bessa e Bancários.
“Isso se deve à estabilidade econômica e o fácil acesso ao crédito
bancário, além dos programas de habitação, como o 'Minha Casa, Minha
Vida', do governo federal”, afirma o presidente.
A capital também enfrenta outros
problemas além da moradia e transporte. A insegurança atormenta a vida
dos moradores da cidade. Segundo o Mapa da Violência 2012 Jovens do
Brasil, elaborado pelo Instituto Sangari, a taxa de homicídios tem
aumentado na maioria das capitais. De acordo com o Mapa, a cidade de
João Pessoa subiu da 13ª posição (com 37,8%) para a 2ª posição (com
80,3% homicídios) a cada 100 mil habitantes.
O bairro de Mandacaru é considerado um
dos mais violentos da cidade. A secretária do lar Maria do Socorro
Araújo Gomes, 45, que mora no local, disse que vive assustada. “Em um
dia mataram cinco pessoas, as crianças não podem brincar fora de casa,
pois há risco de bala perdida”, afirmou.
A saúde do município também passa por
dificuldades, apesar de números positivos de atendimento e unidades
hospitalares. Segundo o IBGE (2009) a cidade disponibiliza 152
estabelecimentos, sendo duas unidades federais, 15 estaduais e 135
municipais. A prefeitura disponibiliza 180 equipes de saúde da família
que atuam no município em uma abrangência de atendimento de 89,73%
segundo dados do site da instituição. Um dos hospitais municipais é o
Complexo Hospitalar de Mangabeira (Trauminha), que por mês realiza em
média 270 cirurgias de ortopedia e trauma.
Mesmo com esses números, alguns dos 125
PFSs da cidade muitas vezes deixam de atender a população, como relata
Maria do Socorro Araújo, que faz apelo para melhoria da saúde no PSF de
Mandacaru. Segundo ela, a falta de médico, dentistas ou de materiais
para procedimentos cirúrgicos dentários são constantes.
“Quando não faltam dentistas, falta o
material para fazer procedimentos cirúrgicos e temos que vir três vezes
no PSF para pegar uma ficha”, afirmou. (Com colaboração de Juliana
Santos)
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