quinta-feira, 12 de julho de 2012

Dois peixes-bois morrem em área de preservação

Animais podem ter morrido por contaminação na água ou alimentos; corpos foram necropsiados e amostras coletadas para determinar a causa da morte.

Rizemberg Felipe
ONG que administra a área de preservação ambiental aguarda resultados de exames para saber causa das mortes

A contaminação da água é uma das principais suspeitas da morte dos dois peixes-bois marinhos, que foi registrada último sábado, na área de preservação ambiental que funciona na Barra de Mamanguape, na cidade de Rio Tinto, a 64 quilômetros de João Pessoa. O local é administrado por uma Organização Não Governamental (ONG), em parceria com o Ministério do Meio Ambiente.

Os corpos dos animais foram removidos para um instituto de pesquisas que funciona em Itamaracá, em Pernambuco, e necropsiados no domingo. Além da necropsia, os especialistas coletaram amostras da água do rio Mamanguape, de alimentos e de água doce que era fornecido aos animais. O material está sendo examinado, mas ainda não há previsão para a divulgação dos resultados. Já a água está sendo examinada pela Superintendência de Administração do Meio Ambiente (Sudema) e o resultado pode demorar de um até cinco dias.

Segundo o chefe da Área de Preservação Ambiental da Barra de Mamanguape, sediada no Rio Tinto, Sandro Roberto da Silva Pereira, os animais começaram a morrer no início da noite de sábado. “O primeiro que foi a óbito foi 'Cacau', um peixe-boi menor, com cerca de 200 quilos, fêmea. Ele teve uma morte rápida. Duas horas depois, quem morreu foi 'Guape' (macho), um peixe-boi que tem 400 quilos e era o principal atrativo da visitação”, disse

Eles estavam em um cativeiro, com aproximadamente 100 metros de comprimento, que fica às margens do rio Mamanguape. No mesmo local, havia outros dois animais (um casal). Um deles apresentou os mesmos sinais de debilitação. “Ele ficou sem querer comer, sem beber água e fazendo movimentos giratórios, comportamento semelhante aos que morreram. Mas, imediatamente, os veterinários foram mobilizados para salvar os dois que sobraram. Aquele que estava debilitado recebeu medicação que combate toxinas e, agora, os dois estão bem, se alimentando e bebendo água”, contou Sandro Roberto.

De acordo com o pesquisador, essas foram as únicas mortes registradas em cativeiro ao longo de 30 anos de existência do Projeto Peixe-Boi. Ele acrescenta que há várias hipóteses para a causa da mortandade.
“Ainda é precipitado, de nossa parte, fazer qualquer comentário sobre as causas da morte, porque estamos fazendo análises e investigações sobre isso. Mas, pela característica da morte, por ter sido muito rápida, há a possibilidade disso ter sido causado por doença, vírus ou presença de toxinas ou nos alimentos fornecidos aos animais ou na água, a deixando contaminada. Só o resultado dos exames é que esclarecerá isso”, declarou.

PREOCUPAÇÃO
Até 2010, a Área de Preservação Ambiental da Barra de Mamanguape era administrada pela ONG Fundação Mamíferos Aquáticos, presidida atualmente pelo médico veterinário João Carlos Borges. O trabalho era feito em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO), ligado ao Ministério do Meio Ambiente. Em 2010, porém, o governo federal resolveu substituir os serviços da ONG e contratou o Centro de Mamíferos Aquáticos, outra Organização Não Governamental, que é a atual responsável pelas atividades de preservação na Barra de Gramame.

Com as duas mortes registradas, aumentou a preocupação com a extinção do peixe-boi. O veterinário João Carlos Borges disse que, em recente levantamento feito pelos especialistas na área, ficou constatado que existem apenas cerca de 460 animais dessa espécie na área que compreendem os Estados de Alagoas a Piauí. Na Paraíba, não há dados precisos sobre o número desses indivíduos, mas a suspeita é que eles não passem de 30.

“Esses animais são costeiros e vivem principalmente em áreas próximas a praias e ao rio de Mamanguape. Já fazem parte da lista de animais ameaçados de extinção. Esses dois óbitos, repentinos e precoces, precisam ser bem investigados e esclarecidos à sociedade”, comentou João Carlos.


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