domingo, 15 de julho de 2012

Ruínas históricas estão ameaçadas

Igreja do Almagre é patrimônio tombado pelo Iphan-PB, mas está sofrendo a ação da especulação imobiliária.





O que antes era espaço voltado para catequese indígena, povoado pela natureza exuberante de longos coqueiros e pelo clima bucólico da brisa marítima, é hoje palco para especulação imobiliária e construção irregular. Entre história colonial e tentativas frustradas de acordos judiciais, a Igreja Nossa Senhora de Nazaré, mais conhecida como Igreja do Almagre, localizada na Praia de Ponta de Campina, em Cabedelo, segue em ruínas, sufocada pelo descaso do poder público e pela apropriação desordenada de terras, conforme constatou o Ministério Público Federal (MPF) em Ação Civil Pública deferida na 3ª Vara da Justiça Federal da Paraíba (JFPB).
A Igreja do Almagre está inserida no Polígono de Proteção das Ruínas do Almagre, área com cerca de 6.000 m² de extensão, dividida em três setores, que, em tese, deveriam ser protegidos pelos órgãos de defesa do patrimônio histórico, União e proprietários de terra da região. Na prática, porém, a situação é bem diferente.
Mesmo passados mais de 60 dias após liminar judicial, proferida pela juíza Cristina Maria Costa, onde foram determinadas mudanças urgentes no entorno da igreja, o abandono é fácil de ser constatado. Vegetação sem poda, falta de iluminação e grandes edificações de veraneio são alguns dos problemas que interferem na manutenção da igreja, fatores que levam a perda da ambiência e da significação original do local, conforme explicou Regina Célia, pesquisadora vinculada ao programa de Pós-Graduação em História e Arquitetura da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
“É uma construção de 1589, onde funcionou um aldeamento indígena até 1762. Há uma riqueza enorme da região do Almagre para a história da Paraíba, é uma parte de nossa memória que, mesmo tombado, está arruinado. É triste ver que algo tão importante se encontra deteriorado”, lamentou a pesquisadora.
Desde 1938, a Igreja do Almagre é tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional na Paraíba (Iphan-PB). Segundo dados do órgão, na época do tombamento a igreja possuía cerca de 70% de sua arquitetura original. Hoje, não restam mais que 25% da construção. Cléber Moreira, superintendente do Iphan, relatou os principais problemas para manutenção da igreja. “Nosso principal problema foi gerado pelos entraves fundiários na região. Ao longo dos anos houve muita dificuldade em conseguir um acordo com os proprietários das terras que ficam no entorno da igreja”, explicou. (Especial para o JP)


Nenhum comentário:

Postar um comentário